Em nenhum
momento da vida imaginei ficar sem você, mãe. Claro que isso é algo que a gente
sempre pensa que vai acontecer num futuro muito distante, que não consegue nem
imaginar. Hoje completamos quatro meses sem a presença física uma da outra, mas
é incrível como eu sei que você está sempre aqui comigo.
Esses cento
e poucos dias parecem uma eternidade. Não há um dia que eu não lembre tudo que
passamos naquelas semanas de fevereiro e março. Eu e papai jamais poderíamos
prever que sobreviveríamos sem você por mais de um mês. Ele agora lava as
roupas dele e faz o prato sozinho! Eu tento deixar a casa como você sempre
gostou, mas meu quarto tá uma zona por não ter lugar pra guardar todas as
minhas coisas. Eu vou dar um jeito nisso, prometo.
Sabe aquela
tosse que eu tenho vez em quando? Então atacou um pouco e só escuto o papai
falando lá da sala “ta tossindo muito, hein, filha”. Você responderia daquele
jeito “deixa a menina tossir!”. Não estamos deixando louça na pia para o dia
seguinte, nem garrafas de água vazias. A dona Cida esta fazendo faxina a cada
quinze dias e vamos mantendo tudo nos “conformes”, como você gostava de dizer.
Nossa rotina
não teve muita mudança nas coisas práticas. A diferença agora é que papai não
tem compromisso e sou eu que saio todos os dias para trabalhar. Inclusive,
mudei de trabalho e queria muito que você estivesse aqui pra ver o quanto eu tô
feliz por estar em uma área que eu sempre quis! Aliás, eu sei que cê ta vendo,
né. Todos os dias o papai me busca no ponto de ônibus e voltamos juntos para
casa. Uma vez por semana passamos no mercado e no caminho pra casa ele sempre
comenta “todos os dias a mamãe fazia esse caminho cheia de compras”. Pois é.
São quatro
meses que parecem cinquenta, me pego sorrindo ao lembrar do seu sorriso em
cada coisa fazíamos juntas. Acho que estamos fazendo tudo do jeitinho que você
queria, com muita saudade, mas sem lágrimas, como você sempre pediu.
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