quinta-feira, 10 de julho de 2014

cento e vinte dias.

Em nenhum momento da vida imaginei ficar sem você, mãe. Claro que isso é algo que a gente sempre pensa que vai acontecer num futuro muito distante, que não consegue nem imaginar. Hoje completamos quatro meses sem a presença física uma da outra, mas é incrível como eu sei que você está sempre aqui comigo.

Esses cento e poucos dias parecem uma eternidade. Não há um dia que eu não lembre tudo que passamos naquelas semanas de fevereiro e março. Eu e papai jamais poderíamos prever que sobreviveríamos sem você por mais de um mês. Ele agora lava as roupas dele e faz o prato sozinho! Eu tento deixar a casa como você sempre gostou, mas meu quarto tá uma zona por não ter lugar pra guardar todas as minhas coisas. Eu vou dar um jeito nisso, prometo.

Sabe aquela tosse que eu tenho vez em quando? Então atacou um pouco e só escuto o papai falando lá da sala “ta tossindo muito, hein, filha”. Você responderia daquele jeito “deixa a menina tossir!”. Não estamos deixando louça na pia para o dia seguinte, nem garrafas de água vazias. A dona Cida esta fazendo faxina a cada quinze dias e vamos mantendo tudo nos “conformes”, como você gostava de dizer.

Nossa rotina não teve muita mudança nas coisas práticas. A diferença agora é que papai não tem compromisso e sou eu que saio todos os dias para trabalhar. Inclusive, mudei de trabalho e queria muito que você estivesse aqui pra ver o quanto eu tô feliz por estar em uma área que eu sempre quis! Aliás, eu sei que cê ta vendo, né. Todos os dias o papai me busca no ponto de ônibus e voltamos juntos para casa. Uma vez por semana passamos no mercado e no caminho pra casa ele sempre comenta “todos os dias a mamãe fazia esse caminho cheia de compras”. Pois é.

São quatro meses que parecem cinquenta, me pego sorrindo ao lembrar do seu sorriso em cada coisa fazíamos juntas. Acho que estamos fazendo tudo do jeitinho que você queria, com muita saudade, mas sem lágrimas, como você sempre pediu. 

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