segunda-feira, 21 de abril de 2014

domingo de páscoa.

Ontem foi um dos dias mais difíceis desses 40 dias. Chorei demais, senti demais, sofri demais. Minhas lágrimas caíam sem que eu pudesse controlar. Me falaram que seria por conta da páscoa, que nas datas comemorativas temos essa tendência de “lembrar” mais.

Fiquei lembrando das últimas “semanas-santas” que passamos juntas. De uns bons anos pra cá, passei a usar o feriado prolongado pra viajar. Ano passado fiquei em casa. Precisava terminar de escrever minha monografia e também era um momento de ficar mais próxima do pai e da mãe. Meu tio Paulo veio aqui no domingo e trouxe um ovo de Páscoa pra mim. Chorei que nem criança. Lembro da mamãe comentar o tanto que eu era chorona e eu falei pra ela que aquilo me lembrava a infância, dos tantos ovos de Páscoa que meu tio me deu antes de tanta mudança que ele passou pela vida.

Foi um dia feliz pela visita do meu tio, que já não vinha mais aqui com tanta frequência, e também era aniversário do Rogger, um vizinho nosso muito querido. Tinha churrasco em comemoração ao aniversário e eu me dividia entre ficar um pouco na festa e um pouco no TCC.

Sempre achei que mamãe acertou em cheio no tanto de “mimo” que me deu. Nem mais nem menos. Embora sempre achem os filhos únicos muito mimados. Mesmo sendo única e depois de tanto sacrifício (qualquer dia eu conto pra quem não sabe), eu sempre tive liberdade em fazer as coisas que eu queria. Mamãe era católica, mas nunca ligou que eu não estivesse em casa pra passar a semana santa. Ela costumava dizer “eu te segurei o quanto pude, agora a vida é sua”. Claro que ela sempre comentava o que tinha vontade, como reclamar que eu gastava muito dinheiro viajando, mas entendia que era o que eu gostava de fazer. Algo que ela também sempre dizia era “em você eu confio, minha filha. Não confio nos outros”, quando eu respondia qualquer comentário dela sobre meus passeios com “ta tudo certo, mãe. Confia em mim”.

E ela sempre confiou. Fomos muito amigas sempre. E somos. Dividia segredos com ela que o comentário era “seu pai vai morrer se ficar sabendo disso!”. E ela mesma dava um jeitinho de contar as coisas pro papai. Tomei muuuuuito esporro, mas poucas horas depois ela ligava e pedia desculpas. “Mamãe ta nervosa, cê sabe...”, dizia ela quase como o gatinho do Shrek. Sempre dramática. Com quem será que aprendi, né?

No nosso último Natal, pouco antes de viajarmos, ela veio me mostrar o que tinha comprado de presente pra levar pra família. Depois de mostrar tudo, veio correndo até a sala agarrada com um ursinho de pelúcia e disse “esse aqui é seu”. Eu ri e respondi que não precisava. E ela retrucou “É o meu coração que vai ta sempre com você”.





quarta-feira, 9 de abril de 2014

1 mês.

Hoje completamos um mês. Um mês sem a pessoa que mais amo na vida. Um mês sem receber aquele boa noite todos os dias. Um mês sem ter aquele abraço apertado quando chego em casa no sábado à tarde. Um mês sem ter arroz fresquinho no almoço só porque era assim que eu gostava. Um mês sem ouvi-la perguntar se escovei os dentes, se a roupa de cama foi trocada ou se tirei a lente. Um mês sem acordar e ver que ela ta ali do lado só me olhando dormir. Um mês sem ouvi-la dizer que vai largar tudo e vai embora. E mal sabia que iria tão cedo.

Os dias passam, mas não. A gente ainda ta ali, naquele corredor de hospital, recebendo notícias. Indo trabalhar, voltando pra casa, pegando ônibus, indo pra festas, mas ainda ali. Ainda vendo médicos, ainda sentindo medo, ainda inseguros. Os dias passam, mas é como se nós estivéssemos parados e só gira o que está ao nosso redor.


“Minha filha, se algo acontecer, quero que você continue sendo essa filha linda que você sempre foi.” Tá muito difícil, mãe, mas vou continuar fazendo tudo pra te encher de orgulho.