Já fazem dois anos que você não tá mais aqui, pessoalmente, com a gente. Já. Como passou rápido, né?!
Muitas das coisas que as pessoas falam é verdade. Com o tempo a dor vai acalmando, a gente vai aprendendo a conviver com esse espaço vazio e aprendendo, também, a preenchê-lo com coisas boas. Afinal, coisa boa foi o que você mais deixou por aqui, né! Não tem nenhuma lembrança tua que não seja alegre.
Algumas coisas mudaram por aqui, sabia? O papai agora lava as cuecas, olha que vitória! Ele também aprendeu a fazer miojo e bife (ooooh!) e me ajuda a carregar as compras do mercado. Às vezes ele me diz que sabe se virar sozinho, mas essa parte eu ainda não confio muito, cê imagina.
Eu agora tenho cozinhado bastante. Juro! Faço aquele feijão "carregado" que você fazia pra ele toda semana, às vezes faço sopa de ervilha, no Natal eu fiz até a ceia! Pernil, salpicão, pudim... Tinha que ser sua filha mesmo. Lembra que eu dizia que aprendia tudo só de ver? Então! hahaha
Uma coisa eu acho um pouco chata, confesso: lavar roupa. Isso eu deixo tudo pra máquina.
Conforme você pediu, tô tentando ser feliz. Continuo saindo com os mesmos amigos de sempre. Todos aqueles que você ama. Poucos novos, só os do trabalho "novo" que você não conheceu. Eles são o máximo!
As pessoas não vêm mais aqui em casa. Esse é um ponto que eles ainda não sabem lidar: vir aqui sem ter você. Se a gente já quase não recebia visitas antes, agora, então! Nadica.
Eu voltei pro inglês e acho que ano que vem consigo fazer uma pós. Eu sei que cê deve tá reclamando que eu to há muito tempo sem estudar. Mas a vida agora mudou muito, é muita coisa pra dar conta, tá pesado. Mas com jeitinho as coisas vão acontecendo, fica tranquila.
Agora estou de férias, desde aquela última que passamos juntas. Vou pra Paulo Afonso visitar nossa família. Todos estão muito felizes e não vemos a hora de nos reencontrarmos. Vai ser aquela choradeira, mas eu sei que você vai estar lá junto com a gente. O meu tio continua a mesma coisa. Some, não liga pra gente, mas vez em quando eu ligo pra saber como ele tá. Fomos conhecer a família nova dele no ano passado. Meu pai gostou, então você já conclui que foi legal, né (rs). As crianças estão ótimas! O Arthur e a Eloá devem casar logo e a Marjori tá namorando e se forma esse ano. Procuro falar com eles sempre. A tia Marcia segue daquele jeitinho maravilhoso dela. As datas comemorativas eu tenho passado com a tia Tereza. Sempre aquela festa de sempre e a Carol agora tem um menino, que você não conheceu, o Pedro. Você ia se apaixonar por ele, com certeza.
Vez em quando vou a Bonsucesso ver os amigos antigos e a vovó. Fico na casa da Fernanda, às vezes. Tem algum tempo que eu não ligo pra minha madrinha, eu sei, preciso ligar. Erika e Luciana estão bem, sempre nos falamos. Nos vemos pouco, mas é a correria, perto das datas importantes sempre encontramos.
Todo dia eu tento voltar pra casa e nos fins de semana fico lá pela zona sul. O Rodriguinho, a Marina e o CH me abrigam. Não sei o que seria de mim se não fossem esses três, viu!? Pode deixar, eu procuro ficar revezando pra não dar trabalho ou incomodar demais. Mas já são dois anos, to tentando ficar mais em casa e perturbar menos eles.
Já sei, quer saber dos netos, né? Sem previsão, Dona Eulalia. Mas agora eu penso muito mais nisso do que quando você ainda estava aqui. Acho que é um bom sinal! hahaha
A saudade é imensa. Não tem um dia que eu não acorde ou não durma pensando em você. Me conforta muito ter a certeza que você está bem.
Fica tranquila, modestamente, acho que to conseguindo manter tudo nos eixos.
Te amo,
Bruna